sábado, 29 de dezembro de 2012

De tanto a gente querer

E o jeito que ele tem de me encarar no fim é que dá vontade de partir.
Algo nele me pede para ir embora. Existe alguma coisa ali que só sobrevive enquanto estou longe, basta que eu toque, que eu chegue um pouco mais perto e ele murcha, descolore.
Eu não sei o que é que há. Mas a gente é capaz de coisas lindas enquanto não sabemos ainda o que somos.
E basta uma possibilidade, uma chance e puf! A gente esfria e congela tudo à nossa volta.
Ele me quer, eu também. Gostamos de querer. Ele me pede o que eu já pedi tantas outras vezes... E recuso.
Mas quando eu sou benevolente, ele rejeita.
 A gente não se encontra no mesmo querer. Eu estou sempre um passo à frente, mas é ele quem diz que eu não o alcanço.
Eu, ele. Mas a gente finge, que é para eu pirar de novo e ele voltar a ser pirado.
Eu o esqueço, como se já não o tivesse feito tantas e tantas vezes antes. Mas eu me lembro de novo e a gente se recorda junto.
Mas não é por querer, não. Ou melhor, é só por querer. Tudo isso é porque nos queremos muito. E não sabemos o que fazer com isso. Então ele fica aí, fingindo que não me vê.
E eu passo reto, fingindo sempre que eu não o vejo.

Uma hora eu apresso o passo, ele freia de vez.
Cada um pega uma esquina, a gente quer. Afinal, no fundo a gente sempre quer.





4 comentários:

Equilibrista disse...

perfeito para o meu momento.
lindo!

M Rodrigues disse...

Muito bom, legal ter tropeçado aqui.

Anônimo disse...

A gente SEMPRE quer.
Isso me lembra uma música da Ana Carolina:
"Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua."

Beijinhos <3

IsaBele disse...

Sei bem desses (des)encontros...